Trabalho apresentado no XXXII Encuentro Latinoamericano sobre el Pensamiento de Donald Winnicott - Trauma, Sociedad e Perversión, em Santiago do Chile, 15/11/2024.
"Quais os efeitos de ter a vida exposta ao mundo, de ter cada sorriso, cada choro, cada gesto suscetível a milhares de cliques? De ter a vida precocemente transformada em um produto digital? Quando falamos em algo virar produto, temos na equação trabalho e resultado. Por certo, crianças não devem trabalhar. Temos inúmeras legislações que garantem o tempo do brincar, mas e quando este tempo de brincar é capturado nas lógicas do uso da imagem dentro dos lares?"
Artigo publicado em parceria com a psicóloga Bárbara Zwetsch na Revista Rabisco, número 13, ano 2024.
"Este artigo é resultado das formulações clínicas das autoras, que escutam de seus analisandos frequentes narrativas sobre a sensação e percepção de falhas dos cuidados parentais recebidos. Tal cenário levou-as à pergunta: diante da sensação de precariedade dos cuidados, quais construções clínicas são necessárias para potencializar outros arranjos existenciais? Para tanto, este trabalho propõe-se a articular os conceitos de falha básica, adaptação à criança, parentalidade suficientemente boa, regressão à dependência e elasticidade da técnica, desenvolvidos por Sandor Ferenczi, Michael Balint, Donald Winnicott e psicanalistas contemporâneos que retomam a obra destes autores. Em nossa discussão, afirmamos que existem especificidades na construção do espaço clínico com estes analisandos que passam pelas capacidades reflexiva, empática e de saúde do analista."
Trabalho apresentado na Conferência Internacional Sandor Ferenczi, São Paulo, 30 de maio de 2024.
"Os tempos do apaixonamento e de encantamento, muitas vezes, continuam presentes enquanto a violência vai operando uma anestesia afetiva e perceptiva. Isto ocorre para tornar possível a sobrevivência psíquica. Retomo o conceito de teia traumática, a mesma teia que sustenta, enreda. A percepção anestesiada e/ou em colapso coloca em xeque o senso de si e nos vemos com analisandos desautorizando as percepções de si e de ambiente, o que contribui para uma desvitalização da existência."
Vídeo da atividade Ponto de Vista: Violência Sexual na Infância e na Adolescência: estratégias interdisciplinares, promovida pela Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul, núcleo Torres. Eu e o promotor Vinícius Mello, em maio de 2022, abordamos a importância da valoração da palavra da vítima nos processos de denúncia da violência sexual. Enfatizamos a necessidade de formação continuada dos operadores do Direito, dos diferentes profissionais que trabalham com crianças e adolescentes e da sociedade civil.
Artigo publicado na Revista Rabisco, Volume 11, Número 1, Dezembro de 2021.
O texto aborda as especificidades da construção do setting analítico com analisandos adultos com histórico de violência sexual intrafamiliar na infância e na adolescência. Optei por enfatizar como os efeitos traumáticos da solidão diante da vivência de situações de abuso sexual que não foram interditadas e tampouco viraram denúncias operam na vinculação analítica. Para ilustrar esta temática, utilizei trechos do livro “Por que você voltava todo verão?” (2021), da escritora Belén Lópes Peiró. A discussão teórica analisa como a constância e a fidedignidade do analista são condições para a construção de um vínculo de confiança que, por sua vez, possibilita o acesso à teia traumática e a criação de um espaço potencial criativo de novas existências. Analisa-se ainda como a delicadeza clínica opera no setting propiciando a experiência de “estar com” e a vitalização da capacidade de estar só.
Artigo publicado no Caderno Vida, do Jornal Zero Hora, em 12/06/2021. Matéria Como falar com as crianças sobre o amor e a morte?
"Com o intuito de defender a infância de uma sexualização precoce e de possíveis abusos, o slogan (criança não namora) ganhou forças nos espaços sociais. Contudo, a expressão esbarra no cotidiano e nos coloca diante de um dilema, porque as crianças dizem muitas vezes e com todas as letras que elas namoram. O que fazer com esta informação que chega de modo tão sincero e vivo?"
Colaboração em matéria do Jornal Zero Hora, em 27/04/2020. Matéria da jornalista Bruna Vargas.
"Enquanto cada psicanalistas adota regras e métodos particulares para migrar seu trabalho para o mundo virtual, os diálogos travados durante as sessões convergem para um ponto comum. Todos os entrevistados admitiram ter parte das sessões dedicadas exclusivamente ao coronavírus.
— Sempre surge esse assunto. As preocupações sociais vêm entrelaçadas com as questões de cada um, como o medo do desemprego. Vivemos um pouco isso com a polarização política no fim do período eleitoral, mas não com a intensidade que é hoje — avalia a psicanalista Luciana Wickert."